terça-feira, 6 de setembro de 2011

Basta!
Diz-se diariamente.
Diariamente, bucho alheio maltratado pelo vazio.
Diariamente, gente desconhecida amanhecendo seus lares e esgotos insalubres- uma só coisa.

Até que
deixa a miséria de ser alheia e desconhecida.
Deixa de ser desagrado e passa à dor.
Deixa-se de brandir: basta,
que a voz calou, quando calou um peito amigo.

Sentindo que não bastei,
Choro por não ter insustentado antes situação insustentável.
Por ter esperado, até já não poder.

E posso, em coro com as vozes caladas. Basta.
Esta terra alagoada, de choro, basta.

domingo, 10 de julho de 2011

Dia vazio

Anoiteceu
Inquieta, pôs-se a fantasiá-lo
-O dia ido que não foi-
Versou os amores inconfessos
Pintou as imagens que quis encenar
Os quereres reviveu todos, a eximir-se
Até que

Adormeceu
viveu o dia a esperar pelo sono, dependente químico-onírica.

Adormeceu
Ensaiou sua paz, uma farsa, um sonho,
Um último apelo a si, para que nao morra
mas morre.

Adormeceu
Sonhou livre de angústia.
Acordou, mas amargurada

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Companhia
Compaixao
Companheiro
Compadecer
Comunhao
Comunidade
Comício
Completo.

A vivencia da ausencia, colabora ao sentido.


Não se há de negar a imponência desses homens de pedra a estampar as praças alheias. Não, não há o que negar. Nem a beleza, nem a força, nem a comoção imposta, nem mesmo o convite. Mas não se fale que não há dessas no Brasil. Nossos homens de pedra, no entanto, sentem correr nas veias sangue, como o nosso. Ainda assim estão lá a estampar nossa Urbanidade. Noites a fio. Frio ou calor. Estão lá, amontoados e petrificados. Nossas estátuas comovem também. Ou poderiam, não fossem pedra também os olhos. Os nossos. Ora, cada povo enfeita suas ruas como pode.

E, a nós, só tem restado a própria carne, em ornamento.

Empatia

Doeu tanto esse ininterrupto amor com o mundo, desde então.
Esse deixar-se tocar e tocar marcou o corpo inteiro de cansaço, de verrugas, de fissuras, de rugas. Sem suportar, abriu-se a pele.

O que encharcou, quando escorreu, não foi sangue.